A
Comunidade Quilombola do Sutil ou Colônia do Sutil encontra-se na região dos
Campos Gerais, no distrito de Guaragi, município de Ponta Grossa, Paraná. Esse
quilombo começou a se formar a partir de 1790, nas terras da antiga Fazenda
Santa Cruz, de propriedade do fazendeiro português Manuel Gonçalves Guimarães. A
Sutil é uma das comunidades quilombolas paranaenses regulamentadas pela
Fundação Cultural Palmares, instituição ligada ao Ministério da Cultura.
Após
a morte do proprietário da fazenda, Manuel Gonçalves, as terras foram herdadas
pelos seus filhos, Joaquim Gonçalves Guimarães e Maria Clara do Nascimento. Antes
de sua morte, em 1850, Joaquim alforriou todos os seus escravos, em troca de
que a servidão a sua família continuasse até a libertação oficial dos escravos.
Após quatro anos, morre Maria Clara, sua irmã, deixando em testamento metade de
suas terras, animais e instrumentos de trabalho a seus escravos e ex-escravos,
com a condição de que a vendessem e preservassem à seus descendentes. A partir
de então, o território pertencente aos ex-escravos da Fazenda Santa Cruz
começou a ser chamado de Sutil, em homenagem ao tropeiro Benedito Sutil, de
Sorocaba, que fazia seus pousos na localidade junto aos negros.
A
vontade de Maria Clara não foi atendida de forma plena, uma vez que muito das
terras perdeu-se através dos parentes da fazenda, pelo poder judiciário e pela
instalação nas proximidades de uma comunidade russa, por parte do governo, no
mesmo território. A perda de terras reflete as dificuldades encontradas na
atualidade, uma vez que com o pouco que restou, estima-se cerca de 2 alqueires,
não existem territórios suficientes para a cultivação de plantações e animais. Boa
parte dos moradores da comunidade retiram o sustento dessas plantações, além do
trabalho assalariado que exercem aos seus vizinhos russos e alemães.
Conforme
Hartung (2005, p. 160) “Por ocasião do inventário de Maria Magdalena, mãe de
Maria Clara, datado de 1832, a Santa Cruz contava com um total de 31 escravos”.
Hoje, segundo Edna Aparecida Batista, moradora da comunidade, a população é de aproximadamente
230 habitantes (BATISTA, 11 março de 2011).
HARTUNG, Mirian Furtado. Muito além do céu: escravidão e estratégias
de liberdade no Paraná do século XIX. Disponível em:
<http://revistatopoi. org/numeros_anteriores/Topoi%2010/topoiu10a5.pdf>.
Acesso em: 21 mar. 2011
PINTO, S.
de S. MEZZOMO, F. A. A formação da
comunidade quilombola no estado do Paraná: Experiência d Quilombo do Sutil.
In: VII Encontro de Produção Científica e Tecnológica, 2012. Ética na Pesquisa
Científica, 2012. P. 14
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